Fim de tarde. Roupas para lavar e isso era certo. O como, é
que não era certo.
No meio do caminho
outros caminhos e o que era um fardo pesado tornou-se leve, compartilhado.
Escolhas, risos e prosas, leveza e gratidão pela vida. Beleza.
Agora, roupas limpas e perfumadas, penduradas no varal
resplendecem tão transparente que é possível ver e se ver no outro lado à
frente. No outro o eu. O outro, eus. Us.
O pão estava garantido e a água também. Entre uma colher e
outra, um gole e outro, roupas batidas, memórias de antes e de agora.
Chegou à noite, e muita roupa ainda havia para ser lavada.
Mais roupas e mais memórias, e agora com cheiro de mar no
ar, a lua cheia feito tapioca e limão azedo como mel. As perguntas, as
brincadeiras, o cuidado, a confiança. Tudo isso resplandecendo como roupa limpa
e perfumada, estendida no varal.
Acabaram as roupas? Dever cumprido, sem o peso do dever.
A lavadeira vai dormir embalada pela lenda contada pelo Sr. Espécie
de Gergelim e agora toda essa memória está guardada no relicário, amarrada em
fitas coloridas de cetim.
Como é gracioso o Criador, como é bondoso o Sr. Espécie de
Gergelim. Como é grato o coração da lavadeira.
Kz.
Fort, 30.05.2013
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