terça-feira, 19 de março de 2013

SouPoética

           

 Gosto muito de culinária, programas gastronômicos de apreciação desta arte. Sou aberta a experimentações, mas a sopa me proporciona sensações únicas. Hoje eu sei que tenho um caso de amor e uma história de vida com elas.
            Em mim, a sopa tem capacidade de suscitar a memória e excitar emoções que quase jaziam desprezadas. Pessoas mais sensíveis à existência, ou as odeiam ou as amam, assim como os menos sensíveis nem a percebem. Cada cultura tem o seu jeito de fazer e se relacionar com a sopa, mas é presente em (talvez) todas elas.

Para mim sopa é arte poética
Queijos derretidos
Legumes colorindo
Cheiro verde e manjericão
Acendem novamente o sabor da sedução

            Por fim, o calor perfumado que sobe é o mesmo calor que degustado desce e minh`alma aquece. Sapas são memórias, poesia e mística. Tão logo minhas razões transcendem o natural, sinto-me tocada por algo que só pode ser divino.
            A arte culinária é uma das minhas paixões e reconheço que essa paixão poderia ser mais evidenciada no meu dia-a-dia, mas quem premedita a experiência poética?

            Naquela noite de céu estralado e ventilado eu vagava sozinha e sem rumo certo pela cidade. Meu coração era só estranhamento, não sabia o que queria. Foi quando senti aquele perfume. Então parei e pedi àquela sopa que veio acompanhada do Pão.
Comi
Aquiesci
Dormi

Disse Rubem Alves: "... logo depois que o sol se põe, e os homens e mulheres voltam aos seus lares, para a sopa quente, para o descanso e para o amor"...

Kz.
Fortal, 14/03/2013