quarta-feira, 29 de maio de 2013

Corpus Christ

Texto de Rubem Alves - fragmento.

Corpus Christ: divino é o pão e toda terra onde cresceu, com a água que o fez germinar, e o vento que o acariciou, e o fogo que o cozeu. Divino é o vinho, alegria pura que dá asas ao corpo e o faz flutuar. Coisas do corpo: dentro dele cabe um universo. Não é à-toa que a tradição fala não em imortalidade da alma mas na ressurreução do corpo. Afirmação de que a vida é bela e o divino se encotra nas coisas materiais mais simples. Como dizia Black: "Ver a eternidade num grão de areia". Ou Fernando Pessoa: "Toda metéria é espírito". E, assim, como e bebo as coisas deste mundo, corpo de Deus.



frag da crônica Corpus Christ, da obra Tempus Fugit.
Fort, 30/05/2013

domingo, 26 de maio de 2013

Porque hoje é Domingo e Ela é Bábara.




 Hoje é Domingo e eu tenho uma mãe que é Bárbara. Dia de ressurgir, agradecer e simplesmente viver. 
Foi num dia como esse de hoje, 26 de maio só que no ano de 1961 que nasceu aquela que é nada menos que bárbara. Logo sua mãe, mulher de origem portuguesa muito religiosa em seu cristianismo católico disse: "Seu nome será Bárbara, assim como o da santa que detém os trovões e nos livra dos fogos flamejantes, a santa protetora dos mineiros - profissão do pai daquela menina”. Crença fortemente difundida entre os cristãos católicos romanos e portugueses e também no meio sincrético afro-católico no sul do Brasil, região onde nasceu essa que é Bárbara.

Seu nome tem origem grega que significa barbar, termo usado pelos gregos quando não entendiam o que os bárbaros diziam. Bárbra significa estrangeira, forasteira, indecifrável. 
Quanto à santa Bárbara, diz a lenda cristã que ela viveu no final do sec. III em Nicomédia, atual Turquia. Esta jovem era a filha única de um rico e nobre homem habitante desta cidade do Império Romano chamado Dióscoro.
Por ser filha única e com receio de deixar a filha no meio da sociedade corrupta daquele tempo, Dióscoro decidiu fechá-la numa torre. Santa Bárbara na sua solidão, tinha a mata virgem como quintal, e, segunda alegam as tradições, "questionava-se" se de fato, tudo aquilo era criação dos ídolos que aprendera a cultuar com seus tutores naquela torre.
Por ser muito bela e, acima de tudo rica, não lhe faltavam os pretendentes para casamentos, mas Bárbara não aceitava nenhum.

Desconcertado diante da cidade, Dióscoro estava convencido que as "desfeitas" da filha justificavam-se pelo fato dela ter ficado trancada muitos anos na torre. Então, ele permitiu que ela fosse conhecer a cidade. Durante essa visita ela teve contato com cristãos, que lhe contaram sobre os ideais de Jesus e sobre o mistério da união da Santíssima Trindade . Pouco tempo depois, um padre vindo de Alexandria lhe deu o Batismo.
Em certa ocasião, segundo contam as tradições católicas, seu pai "decidiu construir uma casa de banho com duas janelas para Bárbara. Todavia, dias mais tarde, ele viu-se obrigado a fazer uma longa viagem. Enquanto Dióscoro viajava, sua filha ordenou a construção de uma terceira Janela na torre, visto que a casa de banho ficaria na torre. Além disso, ela Esculpira uma cruz sobre a fonte".
O seu pai Dióscoro, quando voltou, "reparou que a torre onde tinha trancado a filha tinha agora três janelas em vez das duas que ele mandara abrir. Ao perguntar à filha o porquê das três janelas, ela explicou-lhe que isso era o símbolo da sua nova Fé. Este fato deixou o pai furioso, pois ela se recusava a seguir a fé dos Deuses do Olimpo".

"Debaixo de um impulso", como alegam as tradições, "e obedecendo à sua fé, o pai denunciou-a ao Prefeito Martiniano. Este mandou-a torturar numa tentativa de a fazer mudar de ideias, fato que não aconteceu. Assim condenou-a à morte por degolação".
Durante sua tortura em praça pública, uma jovem cristã de nome Juliana denunciou os nomes dos carrascos, e imediatamente foi presa e entregue à morte juntamente com Bárbara.
Ambas foram, segundo alegam os católicos, levadas pelas ruas de Nicomédia por entre os gritos de raiva da multidão. Bárbara, segundo alega-se, teve os "seios cortados, depois foi conduzida para fora da cidade onde o seu próprio pai a executou, degolando-a. Quando a cabeça de Bárbara rolou pelo chão, um imenso trovão ribombou pelos ares fazendo tremer os céus. Um relâmpago flamejou pelos ares e atravessando o céu fez cair por terra o corpo sem vida de Dióscoro".

Depois deste acontecimento contado nesta lenda, Santa Bárbara passou a ser conhecida como "protetora contra os relâmpagos e tempestades" e é considerada a Padroeira dos artilheiros, dos mineiros e de todos quantos trabalham com fogo.

Permitam-me aqui uma licença poética. Essa mulher que hoje completa mais um ano de vida tem vivido seus dias de modo serenamente bárbaro, questionando, resignificando sua vida dia após dia com uma beleza que só ela possui. 
Mulher, mãe minha e de meus irmãos, esposa de meu pai, defensora dos animais, amiga das plantas, ligada fortemente aos elementos da natureza. Pessoa forte, de opnião própria, artista artesã, olhar sensível para o pobre e oprimido. 
Para mim ela é santa, uma santa que construiu 3 janelas em sua torre e fez delas portas de saídas e entradas para a vida. Uma santa que resignificou a torre, deteve o sistema e enfrentou carrascos, mesmo entregando diarimente sua cabeça à espada, até hoje menten-se em pé, firme e Bárbara.
Na minha infância, em meus conflitos, eu olhava para ela e sabia que tudo ficaria bem pois sabia que ao meu lado estava aquela que era mais forte que as torres das fortalezas e a violência dos furacões. Ela fazia com que os raios não me atingissem, que os trovões não me assustassem e que o troar dos canhões da vida não abalassem minha coragem, bravura, amor e brandura - certamente virtudes herdadas dela. 
Até hoje conto com ela ao meu lado para que eu possa enfrentar de fronte erguida e rosto sereno, todas as tempestades e batalhas de minha vida. Agradeço a Deus mãe por ter te colocado como minha protetora, auxiliadora, mentora, amiga, mãe.

Dias como o de hoje torna mais pungente a sensibilidade de perceber como sou agraciada por ter-te Bárbara. Cativaste-me mãe e agora a ti pertenço mesmo que com minhas raízes aéreas.Sou muito feliz por ter sido gerada por uma mulher tão linda. 

Feliz início de 53 verões minha Bárbara.


Kz, 
Fort, 26/05/2013





sexta-feira, 24 de maio de 2013

CAFÉ



Café pra mim,

Mais que uma bebida
É prazer pela vida

Uma chegada
Uma partida
Malte nostalgia

Parte de mim embebecida
Que não pode ser esquecida.

Kz
Fort, 24/05/13

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Aviãozinho de Papel


 Hoje, com ar/dor e mel desenhei letras deslizando suavemente o pincel
Com meu Poema escrito, fiz um aviãozinho de papel...
Lancei
Em que lugar des/conhecido chegará?
Ficará ao leo, ou terá lugar para repusar?

 Está ventando, vou lançar
Meu aviãozinho de papel
Para as colinas alcançar

Talvez pare alí
Talvez vá ao céu

Está ventando, vou lançar
Meu aviãozinho de papel
Para as colinas alcançar

Talvez pare alí
Talvez vá ao céu


 ...

Kz.
Fort, 20/05/2013

domingo, 12 de maio de 2013

Glória? Tropecei e contemplei


A lei e a gramática roubaram de mim por muito tempo, o fruir natural e a entrega incondicional às poesias existenciais. Para tudo havia uma medida,uma régua. Uma tábua rígida com minha vida registrada antes mesmo de eu vir ao mundo.
Mas, certo dia tateando pelas letras dos textos desconhecidos, aquilo que já era revelado e que de mim foi usurpado, fez-me tropeçar como quem tropeça em pedras. Era a própria Pedra. Pedra angular de esquina.
Foi então que contemplei a Glória.
Essa pedra que me fez tropeçar mudou minha rota e eu saí mancando como Jacó... Hoje enquanto caminho, lembro das considerações do genial cristão C. S. Lewis em seu sermão O Peso de Glória: "a poesia toma o lugoar da gramática, o evangelho toma o lugar da lei e o anseio vai-se transformando em obediência da mesma forma que, pouco a pouco, a maré vai levantando um barco em repouso na areia". 
Agora tábua rígida é Pedra Poética cravada em meu peito.
Tropecei, caí e contemplei sua Glória, "pois fizestes passar diante de mim toda a sua BONDADE e a mim proclamastes teu nome: Senhor" (Ex. 33.19). O próprio Deus revelado em Jesus o Cristo.

Assim vou caminhando na tentativa de estender com luz na mente, fogo no coração e atos nas mãos, a Graça que a mim foi concedida, conforme discorreu T. S. Eliot:

"E depois de termos construído um altar para a Luz invisível, 
poderemos sobre ele colocar as pequenas luzes
para as quais nossos olhos foram feitos"

Kz.
Fort, 13/05/13