DOIS GRÃOZINHOS DE AREIA

Hoje tive um sonho.
Sonhei que não tínhamos que saber inglês
para ser alguém e que o único idioma que se falava
entre os seres humanos
era o do amor e da liberdade.
Podíamos decidir nossas vidas
sem condicionamentos, escolhíamos com liberdade
a comida que comíamos,
a roupa que vestíamos,
e ninguém nem nada
manipulava nosso querer, nosso pensar e nosso sentir.
Podíamos expressar nosso "ser" segundo nossas
raízes autóctones
sem sentir-nos inferiores.
Eramos nós mesmos que, com a mesma liberdade que as aves têm
de se lançar ao vento que as leva à árvore
onde fazem seu ninho
podíamos refletir sobre nossos caminhos
e habitar no mundo que nós mesmos construímos.
Semelhante ao Criador,
éramos seres humanos.

Deve haver um lugar onde possamos ser assim.
Onde, em amor, as pessoas busquem sua realização
na realização do outro,
onde o amor seja o motor
e o vetor de toda realidade;
onde as crianças possam crescer sorrindo
tendo a esperança
de serem autores de seus próprios destinos.
Onde seus pais
possam envelhecer cheios de paz,
sabendo que seu esforço não foi em vão,
mas criador;
Certos de que anonimato de sua história
têm sido cooperadores do Grande Anônimo
que nunca os deixou,
mas sempre esteve lutando ao lado dos seus.

Assim é lindo chegar à morte.
Esta adquire um novo sentido,
toma forma e nobreza dentro desta esfera;
se torna convicção, esperança
e profundo desejo
de viver eternamente em um mundo novo,
no qual sua história e a minha foram como
dois grãozinhos de areia.

["Dois grãozinhos de areia", Juan José Barreda Toscano]

Kz,

Fort, 25/09/12

FLORTALEZA - para além do Ipê Amarelo

Setembro, Primavera, Flores...
Sempre espero pelo mês de setembro. Por razões que para mim são óbvias.
No sul do Brasil a primavera é marcada pelo seu clima ameno depois do frio muitas vezes rigoroso e por lindas flores que adornam árvores frondosas recentemente tocadas pela privação de suas folhas e frutos.
As flores anunciam beleza e perfume como resultado de um tempo de transformação na existência dessas árvores. Quem me conhece sabe da minha predileção pelos Ipês Amarelos...
Não por acaso, na entrada da primavera eles invadem majestosamente o sul do Brasil para dizer-lhe que nem tudo é frio, existe calor fumegante como a sarça que ardia sem se consumir diante de Moisés no Monte Orebe. Os Ipês Amarelo no sul indicam que independente de como foi o inverno, ele já passou e a hora de cantar chegou.
Na espera pelo canto dos pássaros, flores, deliciosas e sucolentas frutas o Vento que sopra pra onde quer passou pelo sul e me arrancou com uma semente que cai da árvore sob vontade soberana.
Da bela e Santa Catarina para o caloroso e vibrante Ceará. Do belo e santo para uma provável seara.
Que seara será Ceará? Não sei, só o Tempo no Vento dirá.
Não sei muita coisa sobre esse novo tempo, é cedo ainda, mas já posso aferir sobre alguns novos saberes:
Sei que este setembro de primavera tem me levado a conhecer novas flores, novos cheiros, cores e texturas. Quero apreciar cada multiforme manifestação de Deus neste novo mundo e comer dos frutos.
Sei o quanto foi importante meu tempo de um extremo sul na encosta do assombroso Ipê Amarelo, fui aquecida e renovada a ponto de hoje ser lançada como uma sementinha para germinar, dar frutos e ser Flortalecida.

Aqui em Fortaleza tenho vivido dias privilegiados. Na presença de Amigos membros da Grande família do céu que não têm medido esforços para me receberem com toda calidez peculiar. Gratidão eterna... Andando de ônibus coletivo pela cidade de terminal em terminal, conhecendo o povo, suas relações, presenças e ausências, farturas e privações. Nas ruas, no trânsito, nas barraquinhas de tapiocas, pessoas.... uma nova cultura, um novo aprendizado, novas flores, cheiro e cores, calor... Agregando-me à pessoas que também buscam mais amor.
Aqui Deus sorri e chora por toda parte. E eu quero aprender a sorrir e chorar com eles, com Jesus.
Quero amar, servir o próximo que hoje tenho ao lado para que o Reino qual pertenço seja por mim compartilhado. Um Reino de justiça
Mandarei notícias dessas bandas de além,  além do Ipê Amarelo.